“Como mãe e nutricionista” - o que não é mentira não é forçosamente verdade...

Depois de levantadas muitas questões e lançadas algumas respostas filosóficas ao longo de toda a história, sobre a origem do conhecimento, sobre a apreensão absoluta ou não da realidade pelo sujeito, torna-se actualmente mais atraente avançar um pouco nestas questões e focarmo-nos numa outra - Quem e porquê produz o conhecimento e a forma como o divulga é o não a mais correcta – isto porque, depois de muito o questionar, transforma-mos o conhecimento (e especialmente o conhecimento científico), numa arma de arremesso que funciona como objecto de interesse económico ou até político.

No que toca ao conhecimento sobre nutrição e alimentação, já nos habituamos a ver na TV e quase sempre em spots de cariz publicitário, a frase “cientificamente comprovado” que tem quase sempre por finalidade, jogar como “selo de qualidade” do produto.

Estes produtos têm quase sempre uns compostos de nome estranho, cuja função desconhecemos ou não compreendemos de forma clara, e acabamos por comprar o discurso de qualidade como realidade última, clara e inequívoca. (o que normalmente se traduz numa cara menos desventurada quando despendermos uns bons trocados pelo produto, igualzinho ao do lado, mas sem selo de qualidade).

É por isto claro, que a divulgação pública de estudos efectuados (mais frequentemente do que afiguramos) pelas próprias empresa que vendem o produto em questão, se tornou um instrumento de trabalho das empresas de marketing, e que quase sempre levam consigo “a reboque” derivados da palavra nutrição.

Perante isto o que fazer o nutricionista? Como se comportar, como transmitir o conhecimento ao público-alvo? Admite uma posição, ou pelo contrário mantém-se imparcial? E a opção que tomar será sempre eticamente correcta?

A nosso ver, é na segurança da imparcialidade que está a forma correcta de transmitir o conhecimento, dando ao cidadão o poder final de decisão. Mas o que se o que não é mentira, não é forçosamente verdade, há questões muito delicadas no que concerne à forma de divulgação de produtos ou alimentos, onde nem sempre é clara a posição correcta a tomar.

E se por vezes conseguem os nutricionistas da melhor forma passar o conhecimento de que são detentores, e produzir textos coerentes e imparciais acerca de determinado assunto mais frágil e construtor de discórdia,

Segundo o nutricionista João Breda, aquando do 17º Congresso Internacional de Nutrição, “estudos também realizados em animais e em seres humanos sugerem que o consumo de L. Casei Imunitass produz melhoria da performance do sistema imunitário”.

Mas estes compostos não são exclusivos dos inovadores iogurtes, já que de acordo com o glossário ambiental das Águas do Algarve, este tipo de bactérias naturais benéficas também existe na água mineral, que contém ainda “sais minerais dissolvidos em maior quantidade que as águas potáveis comuns, nomeadamente o cálcio, o magnésio, o potássio o sódio e os bicarbonatos”.

Outros casos hão, em que consciente ou inconscientemente o nutricionista se deixa levar e transmite o conhecimento de forma parcial e até redutora acerca de determinado produto, onde as alegações científicas se misturam livre e arbitrariamente.

E um produto passa de “indicado em regimes restritivos e hipocalóricosa “alimento fundamental na dieta alimentar de todos aqueles que valorizam uma vida saudável.

Outros são ainda os casos em que não se trata apenas de transmissão parcial de determinado conhecimento, sobre determinado assunto ou produto, mas uma associação clara a uma gama de produtos, num discurso em que as premissas de hábitos saudáveis e substituintes alimentares equilibrados (da marca em questão) se misturam e convergem numa mesma direcção – educação alimentar - numa confusão clara para o consumidor daquilo que por educação alimentar um nutricionista deve entender.

São pois actualmente e cada vez mais, os nutricionistas (ou a sua referência no rótulo), a maneira mais fácil de tornar um produto “nutricionalmente saudável”.

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